oi. voltei.
a inspiração veio no "com os relacionamentos anteriores aprendi" do orkut, quando eu percebi que tinha muito o que dizer a respeito.
pois é. eu aprendi algumas coisas nessa vida errante, e como diz o ditado "existe o burro, o inteligente e o sábio. o burro comete um erro e comete novamente, sem aprender. o inteligente, comete o erro, aprende e depois não o comete mais. o sábio observa os erros dos outros e nem chega a cometê-los". sendo assim, errando ou observando os outros, listei 10 lições aprendidas.
lição número 1) relacionamento só dá certo mesmo quando o homem gostar mais da mulher do que a mulher dele. simples assim. parece meio duro demais, mas vou explicar. acontece que o homem não costuma colocar o sentimento dele em primeiro plano como fazemos nós mulheres. ele primeiro pensa pra depois sentir. ele consulta a previsão do tempo, o aumento do valor do ingresso do cinema e o curso de que seu irmãozinho de 13 anos pretende fazer no vestibular. e pra se dedicar de corpo e alma a um relacionamento, eles têm que gostar muito. é uma questão de compensação entende? porque enquanto a mulher demonstra tanto, até mais do que sente, o homem demonstra menos o que sente. e quando ele pouco demonstra, criam-se mulheres insatisfeitas e inseguras. tema pra próxima lição.
lição número 2) tudo bem, você está insegura, normal desde que não seja por muito tempo. avalie sozinha muito bem os motivos da sua insegurança, e se sentir que é, de fato, porque o bofe não te curte tanto assim, simplesmente acabe, porque você, é uma mulher que sabe bem o que quer e que merece alguém que te ache a gravata da posse de obama, certo? mas, se os motivos da sua insegurança é porque ele te ligou às 18h05, e não às 18h03 como vocês tinham combinado, feche os olhos, se concentre na cor azul, conte até 10 e abstraia. evite ao máximo passar sua insegurança pra ele.
lição número 3) armazene na sua cabeça como 1+1=2 que o homem quando quer, faz tu-do pra te ter. ele pode até pensar muito antes de tomar uma atitude, mas o sentimento dele vai compensar e ele vai atrás de você onde você estiver, como estiver.
ele não precisa de um pingo de incentivo seu pra ir atrás de você. pelo contrário, quanto menos você fizer, mais incomodado pra agir por conta própria ele vai ficar.
lição número 4) quando um homem trai, ele não trai o sentimento, já a mulher, sim. se ele te traiu, não necessariamente deixou de te amar, mas se você traiu neguinha, certamente é porque a chama do amor que sentia se apagou.
lição número 5) perdoar uma traição? só se você sentir que o rapazinho não pode com ele mesmo de tanto arrependimento, e depois de deixá-lo bastante tempo amargando o gosto do arrependimento, e depois de lutar muito pra reconquistar sua confiança, e depois de mostrar que só existe você. ai sim, você pode pensar até em perdoar, mas considere seus limites. não adianta perdoar, e ficar remoendo a gaia.
lição número 6) perdão é esquecer. se você não esqueceu é porque você não perdoou. depois que você perdoa, você nunca mais deve tocar no assunto.
lição número 7) errou? peça desculpa em alto e bom som. não errou mas o outro se sente sacaneado mesmo assim? peça desculpa também, que às vezes a gente, mesmo quando coberto de razão, precisamos ceder o suficiente pra que as coisas se resolvam. sem falar, que cada um tem suas razões, e a não ser que a pessoa sofra de síndrome de perseguição, ela deve ter sua razão pra ficar chateada com alguma atitude sua.
lição número 8) falando em ceder, ceda sempre. ceda pelo menos os 50% para chegar no ponto médio. pois é, relacionamento é o ponto médio entre duas pessoas. não dá pra ser só um ou só outro, se não haver a troca, o puxa, o vai e vem, não se tem nada.
lição número 9) nunca tente mudar o outro. temperamento e personalidade não se muda e pode consultar qualquer psiquiatra. as pessoas melhoram, pioram, mas mudar, jamais. e sempre que for alertar sobre algo na personalidade da outra pessoa faça isso como um bem a ela mesma, e não a você. é válido você alertar, falar o que acha, mas faça isso despretenciosamente.
lição número 10) tem um livro chamado "As Cinco Liguagens do Amor". o título é brega, mas a verdade que carrega com ele é digna. resumindo, ele diz que cada pessoa tem sua língua nativa pra demonstrar amor, são elas: palavras de afirmação, dar presentes, toque físico, formas de servir e qualidade de tempo. do mesmo jeito que se você fala português e o outro fala coreano e a comunicação de vocês é dificil, no quesito amor, acontece a mesma coisa. então, moral da história, você tem que descobrir o idioma do seu parceiro, e aprender a falá-lo. fica a dica.
obviamente, falo tudo isso de forma bem generalizada, porque na verdade mesmo, eu concordo com o que alguém que não lembro quem escreveu no orkut: "a cada pessoa a gente tem que aprender tudo de novo".
cada um é um mundo, então não faça receita de bolo com alguém esperando a mesma textura que obteve em uma outra experiência. certamente, pode solar ou não ficar tão doce.
pronto, catei.
Cata S.
sábado, 26 de setembro de 2009
catando fim de dieta
faz tempo que não passo por aqui né?
sendo assim, para vocês não acharem que o catacoisas faliu, venho aqui tirar a poeira dos móveis.
já que a inspiração não está vindo me visitar, pelo menos, como eu havia prometido a vocês, vim dizer que bati a minha meta de perder 5kg. e to perdendo mais involuntariamente, inclusive to com medo de ficar ossuda demais.
as pessoas já tão falando pra eu parar por aqui mesmo, mas gente, não to conseguindo comer como eu comia antes, nem o minímo para manter. fiz uma redução de estômago, fato.
depois que você se reeduca a comer uma determinada quantidade, você simplesmente não consegue comer mais que isso. a vontade de porcarias morre.
waffles, petit gateaus, milk shakes, podem rebolar pela minha frente, faz coceira mas não pipoca.
sendo assim, está mais que constatado de contar calorias é eficaz.
dieta das notas, dos pontos, whatever, façam, que é fácil e funcina.
pronto, catei.
Cata S.
sendo assim, para vocês não acharem que o catacoisas faliu, venho aqui tirar a poeira dos móveis.
já que a inspiração não está vindo me visitar, pelo menos, como eu havia prometido a vocês, vim dizer que bati a minha meta de perder 5kg. e to perdendo mais involuntariamente, inclusive to com medo de ficar ossuda demais.
as pessoas já tão falando pra eu parar por aqui mesmo, mas gente, não to conseguindo comer como eu comia antes, nem o minímo para manter. fiz uma redução de estômago, fato.
depois que você se reeduca a comer uma determinada quantidade, você simplesmente não consegue comer mais que isso. a vontade de porcarias morre.
waffles, petit gateaus, milk shakes, podem rebolar pela minha frente, faz coceira mas não pipoca.
sendo assim, está mais que constatado de contar calorias é eficaz.
dieta das notas, dos pontos, whatever, façam, que é fácil e funcina.
pronto, catei.
Cata S.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
catando curtição
uma babaquisse essa coisa de querer "curtir" a vida.
tudo o que se pensa é em juntar histórias pra contar, mesmo que sejam as histórias mais vazias.
tudo na desculpa de curtir.
nós, jovens, 20 e poucos anos, somos peritos nessa ilusão. parece resquício de uma adolescência mal-vivida.
só que nesse caminho tudo se torna muito volátil, assim como todo o álcool que ingerimos numa noite de "curtição".
quantas vezes reclamamos da nossa rotina de trabalho-casa mesmo sem perceber que nosso trabalho é uma dádiva e que não existe lugar melhor que nossa casa?
quantas vezes nos impedimos de passar um sábado deitado na cama na maior preguiça porque "a vida tá acontecendo lá fora", mesmo que tudo o que você deseja seja ficar exatamente onde está?
quantas vezes preferimos sair com aquela galerinha-massa-que-conhecemos-no-sábado-passado do que com aqueles velhos e bons amigos?
quantas vezes abdicamos de um bom amor porque o "mundo" de opções lá fora nos pareceu mais atrativo e encantador?
quantas vezes queremos deixar tudo o que nós temos, familia, amigos, trabalho pra viajar o mundo? (e quantas pessoas sofreram muito pela distancia?)
nessa onda, negamos nosso próprio caminho porque buscamos um algo-além que nem nós direito sabemos do que se trata.
não damos o devido valor ao que, de fato e de direito, a vida nos deu pra ir atrás de coisas que não nos pertecem.
é uma procura incessante por coisas que possam preencher uma necessidade do momento, mas não paramos pra perceber que a vida mesmo acontece durante nossa distração.
quando a gente menos espera, por uma força de um chamado "acaso", na fila do banco.
de uns tempos pra cá, eu busco me sentir em casa, independente de onde eu estiver.
tenho meus focos, meus medos, meus desejos, meus gostos, minhas afinidades. não vou me enganar. não vou sair de dentro de mim, da minha casa, da minha paz.
em casa, eu sou livre. essa é a verdadeira liberdade, viver você mesmo, mesmo que num sábado à noite você seja só preguiça.
um dia, a gente amadurece o suficiente pra perceber que a vida está na rotina, no colo da nossa mãe durante a novela, no almoço dos sábados na casa de vovó, no lanche no meio tarde no trabalho, no passeio no shopping com nossa melhor amiga.
a vida está em cada momento que se vive, e ainda tem gente reclamando que hoje é segunda-feira e não vê a hora de chegar no fim de semana pra poder "curtir a vida".
mero engano. mas a gente aprende. um dia, a gente vai saber que bom mesmo é ficar em casa.
pronto, catei.
Cata S.
tudo o que se pensa é em juntar histórias pra contar, mesmo que sejam as histórias mais vazias.
tudo na desculpa de curtir.
nós, jovens, 20 e poucos anos, somos peritos nessa ilusão. parece resquício de uma adolescência mal-vivida.
só que nesse caminho tudo se torna muito volátil, assim como todo o álcool que ingerimos numa noite de "curtição".
quantas vezes reclamamos da nossa rotina de trabalho-casa mesmo sem perceber que nosso trabalho é uma dádiva e que não existe lugar melhor que nossa casa?
quantas vezes nos impedimos de passar um sábado deitado na cama na maior preguiça porque "a vida tá acontecendo lá fora", mesmo que tudo o que você deseja seja ficar exatamente onde está?
quantas vezes preferimos sair com aquela galerinha-massa-que-conhecemos-no-sábado-passado do que com aqueles velhos e bons amigos?
quantas vezes abdicamos de um bom amor porque o "mundo" de opções lá fora nos pareceu mais atrativo e encantador?
quantas vezes queremos deixar tudo o que nós temos, familia, amigos, trabalho pra viajar o mundo? (e quantas pessoas sofreram muito pela distancia?)
nessa onda, negamos nosso próprio caminho porque buscamos um algo-além que nem nós direito sabemos do que se trata.
não damos o devido valor ao que, de fato e de direito, a vida nos deu pra ir atrás de coisas que não nos pertecem.
é uma procura incessante por coisas que possam preencher uma necessidade do momento, mas não paramos pra perceber que a vida mesmo acontece durante nossa distração.
quando a gente menos espera, por uma força de um chamado "acaso", na fila do banco.
de uns tempos pra cá, eu busco me sentir em casa, independente de onde eu estiver.
tenho meus focos, meus medos, meus desejos, meus gostos, minhas afinidades. não vou me enganar. não vou sair de dentro de mim, da minha casa, da minha paz.
em casa, eu sou livre. essa é a verdadeira liberdade, viver você mesmo, mesmo que num sábado à noite você seja só preguiça.
um dia, a gente amadurece o suficiente pra perceber que a vida está na rotina, no colo da nossa mãe durante a novela, no almoço dos sábados na casa de vovó, no lanche no meio tarde no trabalho, no passeio no shopping com nossa melhor amiga.
a vida está em cada momento que se vive, e ainda tem gente reclamando que hoje é segunda-feira e não vê a hora de chegar no fim de semana pra poder "curtir a vida".
mero engano. mas a gente aprende. um dia, a gente vai saber que bom mesmo é ficar em casa.
pronto, catei.
Cata S.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
catando wishlist 2009
ano passado, eu postei minha wishlist de aniversário 2 meses antes.
esse ano, faltam 2 dias e eu nem tchum.
por certo tempo, achei que agredia as pessoas fazendo isso, mas tá todo mundo pedindo, sendo assim... ainda há tempo!
eu vou ajudar os perdidos de plantão a me agradarem sim, porque não né?
afinal, cara de pau nunca é demais, néam?
então vamos!
- corretinhas douradas, tipo as da bruna pericolo.
- correntonas douradas, com penduricalhos.
- pulseiras douradas.
- anéis dourados.
- é, to muito dourada.
- camisetas legais, tipo essa do mágico de oz que apareceu no garotas estúpidas.
- acessórios para cabelo: tiarinhas, lacinhos, lencinhos, tipo as da nacuca.
- livros, estou muito carente de livros. leu algum que gostou? não sendo crepúsculo, pode me dar de presente.
- DVDs musicais. vale radiohead, cake, ben harper, keane, michael jackson, música pra escutar com os amigos em casa tomando uma.
- roupas. estou focada em juntar dinheiro, cês sabem, então ganhar roupinhas vai me ajudar a me segurar no shopping. vale tudo. (dica: to numa fase colete, camiseta surrada e saia cintura alta que ninguém me segura).
- uma bolsa pra carregar a narguila.
- um limpador de narguila (à venda na dom jobim, no shops recife)
- uma sapatilha prata (tam 35).
- gladiadoras rasteiras.
- o ingresso pro show de Beirut no coquetel molotov, dia 18.
- uma massagem em Anna Pegova.
- uma passagem pra África pra eu ir pro casamento do meu casal amado Lu e Saulo. é só U$ 2.000,00. (oi pai?)
- um vestidinho branco pra usar como saída de banho.
- um CD com MP3 de bandas que eu não conheça e você gosta. de preferência, bem folkzinhas.
- um all star cano curto verde claro.
- uma carta escrita à mão dizendo o tanto que você me ama e não pode viver sem mim.
tem pra todos os bolsos, até para os furados.
pronto, catei.
Cata S.
esse ano, faltam 2 dias e eu nem tchum.
por certo tempo, achei que agredia as pessoas fazendo isso, mas tá todo mundo pedindo, sendo assim... ainda há tempo!
eu vou ajudar os perdidos de plantão a me agradarem sim, porque não né?
afinal, cara de pau nunca é demais, néam?
então vamos!
- corretinhas douradas, tipo as da bruna pericolo.
- correntonas douradas, com penduricalhos.
- pulseiras douradas.
- anéis dourados.
- é, to muito dourada.
- camisetas legais, tipo essa do mágico de oz que apareceu no garotas estúpidas.
- acessórios para cabelo: tiarinhas, lacinhos, lencinhos, tipo as da nacuca.
- livros, estou muito carente de livros. leu algum que gostou? não sendo crepúsculo, pode me dar de presente.
- DVDs musicais. vale radiohead, cake, ben harper, keane, michael jackson, música pra escutar com os amigos em casa tomando uma.
- roupas. estou focada em juntar dinheiro, cês sabem, então ganhar roupinhas vai me ajudar a me segurar no shopping. vale tudo. (dica: to numa fase colete, camiseta surrada e saia cintura alta que ninguém me segura).
- uma bolsa pra carregar a narguila.
- um limpador de narguila (à venda na dom jobim, no shops recife)
- uma sapatilha prata (tam 35).
- gladiadoras rasteiras.
- o ingresso pro show de Beirut no coquetel molotov, dia 18.
- uma massagem em Anna Pegova.
- uma passagem pra África pra eu ir pro casamento do meu casal amado Lu e Saulo. é só U$ 2.000,00. (oi pai?)
- um vestidinho branco pra usar como saída de banho.
- um CD com MP3 de bandas que eu não conheça e você gosta. de preferência, bem folkzinhas.
- um all star cano curto verde claro.
- uma carta escrita à mão dizendo o tanto que você me ama e não pode viver sem mim.
tem pra todos os bolsos, até para os furados.
pronto, catei.
Cata S.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
catando frescobol
faz muitos anos que li esse texto. mas texto bom sempre deve ser relido e armazenado.
percebam a verdade que está nisso. é pra aprender.
Tênis x Frescobol (Rubem Alves)
"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: “Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?” Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’
Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo…’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\’ não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir… E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá…
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\’. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\’. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…"
pronto, catei.
Cata S.
percebam a verdade que está nisso. é pra aprender.
Tênis x Frescobol (Rubem Alves)
"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: “Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?” Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’
Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo…’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\’ não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir… E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá…
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\’. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\’. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão… O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…"
pronto, catei.
Cata S.
Assinar:
Postagens (Atom)