catando o inesperado

estamos há 9 dias de chegar dezembro, mas já faz uns 20 que se vê papai noel espalhado por tudo que é canto anunciando que mais um ano chegou ao fim e nos fazendo lembrar que no fim, tudo é sempre igual.
sim! o especial do Rei Roberto Carlos vai passar na Globo, você vai ver aquela sua tia que só vê no dia 24/12 de todos os anos e será obrigado a descrever de alguma forma sempre sem graça quem tirou no amigo secreto.
as árvores de natal não mudam.
junto com tudo isso vem a lista de projetos para o ano que se aproxima.
emagrecer, ler mais livros, ganhar mais dinheiro, ser mais participativo na familia, dormir menos, viajar mais, desperdiçar menos tempo na internet, evitar babacas, se dedicar mais aos velhos amigos ao mesmo tempo em que deseja conquistar novos.
até parece mesmo que a gente só pára pra pensar nessas coisas no mês de dezembro. e quando rompe o ano, por menos supersticiosos que sejamos, a gente sempre faz um ritual pessoal, nem que seja fechar os olhos discretamente e dizer a si mesmo: esse ano vai ser diferente, vai ser melhor.

pode parecer um discurso de uma pessoa um tanto pessimista, mas do alto dos meus 24 reveillons, o sentimento de insaciação é o mesmo. o motivo disso: um projeto realizado (ou esquecido) dá lugar a outro. e todos giram em torno do mesmo objetivo: sermos pessoas melhores e mais felizes.
é, o ser humano é insaciável até morrer.
ter projetos é saudável. motiva o acordar de todos os dias.
mas a graça da vida mesmo não está em realizá-los, e sim, receber o inesperado.
até porque, o que a gente realmente projeta e sonha para as nossas vidas, acontece naturalmente, porque naturalmente a gente luta por isso.

mas é justamente o inesperado que muda o rumo dos nossos projetos.
porque quando a gente pensa que quer uma coisa, vem outra que nos surpreende e toma o lugar da anterior.
o inesperado vem como uma mensagem de madrugada no nosso celular de alguém especial dizendo que está com saudades.
o inesperado nos faz nos apaixonar perdidamente e não encontrar defeitos naquele alguém que não preenche um terço dos pré-requisitos (vide post 9/11).
o inesperado não está marcado na agenda e é o único capaz de mudar toda a pauta diária.

o inesperado também vem com suas más notícias.
e nas más notícias estão as melhores oportunidades para nos tornarmos pessoas melhores.

por essas e outras, esse ano (e no próximo), nada de listinhas.
e que venha o não-esperado!

au revoir,
Cata S.