quarta-feira, 7 de maio de 2008

catando amor de mãe

de vez em quando rola entre amigos o papo de relacionamento mãe-filho.
todos confessam que pouco conseguem expressar amor às respectivas mães.
é muito fácil ser arisco com mãe. por quê?
porque é um amor que foge à lei da ação e reação.

amor de filho é patético junto ao amor de mãe.
e por orgulho, o filho passa a fingir que não a ama.
é um show de patadas.


- chega que horas filho?
- ah mãe, não enche.

o filho evita o ato de amor da mãe porque não sabe e nem pode retribuí-lo.

amor de mãe é como o amor de Deus pelas criaturas.
por sermos seres incapazes de amar a Deus o tanto quanto o contrário, desistimos dEle.
pior, fingimos não acreditar nEle.
por isso a Bíblia fala tantas vezes em temor, humildade, porque pra amar a Deus precisamos simplesmente nos reduzir à nossa insignificância.
a mesma coisa é com mãe.

acho que nem as mães entendem o próprio amor.
passa nove meses gorda e enjoada, pra colocar no mundo uma criatura que só caga, chora e gofa.
criatura que aprende a falar pra pedir isso, aquilo e reclamar da comida que com trabalho foi comprada e com cuidado preparada.
"mãe, sai do meu quarto"
"mãe, não se intromete"
"mãe, não enche meu saco"
"mãe, pára de ligar"
"mãe, me solta, que queima"

apesar disso, quem é a primeira pessoa que a gente pensa quando está em apuros?

sabe a propaganda da renner de dia das mães, que a filha diz:
"mãe, hoje sou eu quem vai sair com a bolsa vermelha viu?"
sou eu e minha mãe.


compartilhamos não só a bolsa, mas também os sapatos, as blusas, as saias, os colares, as alegrias, as tristezas, os sonhos.
só não consigo compartilhar igualmente o amor dela por mim, porque esse amor só poderei dar às minhas futuras criaturas cagonas.

nunca vamos conseguir amar nossa mãe da mesma forma que ela nos ama, mas vamos amá-las mesmo assim.
essa é a história.
menos patadas, mais carinho, mais afeto, mais paciência com as preocupações dela, mais ligações durante o dia.
e claro, lembrá-la com palavras que a ama. mesmo que sejam palavras envergonhadas.
mas são palavras que soam como arpa dos anjos nos ouvidos carentes de mãe.

mas sejamos sinceros.
mães, vocês nunca serão justamente recompensadas.
(se bem que, dizem por ai que o sorriso de um filho é toda a recompensa).

au revoir,
Cata S.

5 comentários:

Unknown disse...

Noossa, adorei esse texto..
muito lindo!
BJOOO
Marcela- Mamah

Fabíola disse...

Ai Cata, chorei.

Mto lindo isso, viu? Tia Carmem tem que ler. :)

Anônimo disse...

Cata,
Nem sempre sabemos como expressar direito o amor que sentimos pelos nossos filhos, então os sufocamos com cuidados, geralmente exagerados.
Também nos identifiquei na mãe da campanha da Renner. Já nem sei mais quando compro algo para mim mesma, pois sempre penso se você também gostaria.
Adorei a forma de você dizer que me ama através desse post.

Te amo para sempre.
Mainha

Anônimo disse...

Que lindo filha! Não sou sua mãe, mas certamente estou tão orgulhoso quanto ela pelas palavras que você escreveu.
No dia dos pais vou querer um igual viu!!! hehehe
bjs
Painho

Unknown disse...

Cata,

Estou me debulhado em lágrimas....Lindo tudo que você disse, e mais lindo ainda é que você fala do fundo do seu coração.
Você é muito querida.
Beijos no coração.
Regina